Hoje, há influenciadores em praticamente todos os segmentos

Elas têm muitos seguidores, participam de campanhas, eventos, mostram seu dia a dia e são inspiração para quem as segue. Essa é a vida das influenciadoras digitais — carreira que surgiu com a popularização das redes sociais, como o Instagram, e que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado.

Antes da Covid-19, a expectativa sobre essa nova profissão já era enorme. As marcas já se mostravam cada vez mais dispostas a investir seu dinheiro em ações e parcerias com influenciadores. Todos os dias, passam pela nossa linha do tempo diversos posts, dos mais variados nichos: viagem, moda, beleza, saúde. Hoje, há influenciadores em praticamente todos os segmentos.

Durante a pandemia, com muitas lojas e empresas fechadas, afastamento de colaboradores, entre outras medidas que foram tomadas, o trabalho dos influenciadores foi ainda mais essencial, para divulgar e levar o nome de uma marca até públicos específicos.

É importante reforçar que a demanda por conteúdo continua a aumentar e que o mercado está se modificando, assim como o trabalho dos influencers. Eles estão se tornando cada vez mais nichados e com necessidade de transparência — cobrada diretamente pelo público.

Os consumidores e seguidores buscam por conteúdos e influenciadores sem filtro, ou seja, que apresentam e endossam produtos e serviços que eles realmente utilizam e aprovam. Algo mais real, assim como a indicação de um amigo, ou um expert sobre determinado assunto.

A cobrança, vai muito além do perfil dos influencers, chegando até às marcas que os patrocinam, cobrando posicionamentos, sempre que necessário. Essa atitude do público força também empresas para que escolham com coerência o profissional que vai representá-las e endossar seus produtos e serviços.

É válido analisar muito mais que números e engajamento com o público, mas também se o conteúdo a ser divulgado faz parte da realidade do influenciador. Somado a isso, claro, se seu público vai se identificar com o conteúdo.

Em nossa edição digital, batemos um papo com algumas das influenciadoras digitais que mais se destacam em nossa região: Julia Horta, Juliana Ward, Ramana Furtado e Ana Luiza Palhares, para entender mais sobre essa profissão.

Como tudo começou

O ano era 2012. Juliana Wardi e Ana Luiza Palhares já iniciavam suas trajetórias como influenciadoras. Julia Horta e Ramana Furtado vieram pouco depois, em 2014. Juliana conta que iniciou o uso das redes sociais com o objetivo de influenciar pessoas, quando concluiu a graduação em Educação Física e começou a compartilhar seu estilo de vida, promovendo uma atitude mais saudável para seus seguidores.

Já Ana Luiza, a Cinderela de Mentira, conta que tudo começou como um hobby, compartilhando dicas pessoais. Mas, a partir de 2017, com o amadurecimento, passou a ser o seu trabalho principal. Júlia Horta já percebeu que poderia atuar como influenciadora quando participou do seu primeiro concurso de beleza, representando Juiz de Fora, e saiu vencedora do Miss Mundo Minas Gerais. No ano seguinte, fechou boas parcerias para o concurso e, quando percebeu, as marcas já a procuravam para trabalhos e divulgações.

Ramana, que faz parte de um nicho bem específico, conta que começou no YouTube, gravando conteúdos sobre cuidados com cabelos cacheados. Mas foi ao abordar um trauma com cavalos que ela viu seu canal crescer e uma oportunidade para falar com o público sobre algo que gostava muito.

“Em uma semana, vi meu número de inscritos no canal aumentar rapidamente. Vi aí uma oportunidade de falar para um público bem específico, num nicho pouco explorado naquele momento. Mudei totalmente o layout do canal e passei a abordar principalmente minha relação com meu cavalo e minha rotina com ele de uma forma bem leve e simples, algo que eu gostaria de ver na internet e não encontrava”, conta.

Como nem tudo são flores, as influencers também apontam as maiores dificuldades dessa profissão — aprender a separar o trabalho da vida pessoal, a desvalorização da profissão, que às vezes é vista de má forma, preconceito, o desafio de ter que fazer tudo ou, pelo menos, grande parte do trabalho sozinha, entender como fidelizar o público e criar conteúdo que resolva questões e problemas dentro do nicho que atuam.

Clientes e parceiros

“Uma influenciadora precisa estar atenta e manter um bom relacionamento com seus clientes e parceiros. O meu relacionamento sempre foi muito positivo. Inclusive, vários se tornaram amigos, porque acredito que é um trabalho colaborativo. O intuito é trabalharmos juntos pelo crescimento e sucesso da empresa”, explica Júlia, que reforça que a maioria já consegue entender a nova dinâmica da publicidade com influenciadores. Para os que ainda não sabem muito bem como essa prestação de serviço funciona, ela busca ser solícita e orientar a respeito do mercado.

Para Juliana, é fundamental colocar tudo em pauta e especificar os detalhes, a fim de verificar se os interesses do parceiro batem com a comunicação que ela passa aos seguidores. Outro detalhe importante para o sucesso do trabalho é ter cuidado na hora de fechar as famosas “publis”, e, justamente por isso, elas são categóricas e afirmam que já recusaram trabalhos.

Os motivos vão desde a não identificação com a marca, produto ou conteúdo, até questões de ideais e princípios. “Na maioria das vezes, foi porque não tinha a ver com minha índole e com meus propósitos. Recusamos quase diariamente propostas de remédios emagrecedores e cintas”, conta Ana Luiza, que aborda temas relacionados ao nicho plus size, falando sobre moda, beleza, comportamento e autoestima.

Com esse cuidado, é difícil que seu público não se identifique ou conecte-se com o conteúdo apresentado. Mas pode acontecer, por isso, é importante ouvir o feedback dos seguidores e aprender com a situação, como conta Ramana: “Ano passado, fui fazer a cobertura de um rodeio muito grande e conhecido em Minas para meu canal. Como as provas de montaria em touro fazem mais sucesso com o público em geral nesses eventos, foquei bem mais nessa modalidade do que nas modalidades com cavalos. Percebi que não era bem isso que meu público queria e não tive um resultado tão bom, foi um aprendizado”, afirma. Hoje, antes de fechar uma parceria, ela procura analisar não só o benefício trazido, mas também se vai interessar seus seguidores para gerar um bom resultado para o parceiro.

Para Juliana, ser seguida por várias pessoas tem o lado bom, mas também o lado ruim. “Recebo críticas o tempo todo, não é fácil agradar a todos”, lamenta. Para empresas que ainda têm ressalvas em investir no marketing de influência, elas acreditam que, com um objetivo claro e estratégia, aliados às ações propostas com influenciadoras, podem, sim, trazer bons resultados. “As pessoas passam boa parte do seu dia nas redes sociais, vendo vídeos e fotos de quem admiram. Porém, é necessário avaliar não só o número de seguidores, mas o conteúdo que o influenciador tem para transmitir”, aponta Juliana.

Também é importante que as empresas escolham influenciadoras que falem diretamente com seus públicos, garantindo, dessa forma, resultados mais acertados. “Já fui de tentar catequizar empresas a entenderem melhor e a buscarem investir na área. Especialmente agora, em tempos de pandemia, já estamos vendo o reflexo comercial de quem tinha uma presença online e de quem nunca esteve presente. A diferença é gritante não só nos lucros como na manutenção dos clientes”, relata Ana Luíza. Ela ainda alerta que quem tem presença e valor online tem tudo para passar pela crise de uma forma mais leve e com menos impacto do que quem começou agora a correr atrás disso, ou quem continua resistente.

Expectativas

Ramana Furtado

Com relação às expectativas para o futuro da profissão, todas se mostram positivas. “Acredito que a busca por influenciadores com propósito, autoridade e um bom conteúdo será cada vez mais valorizada”, diz Júlia. Já Juliana e Ramana reforçam o coro por mais valorização da área, e Ana Luíza afirma que, para quem trabalha com coerência, o mercado só tende a crescer.

Para aqueles que desejam se tornar influenciadores, elas reforçam que é importante se conhecer bem e definir que tipo de conteúdo quer produzir. Estudar e se especializar na área em que deseja atuar, ficar de olho nas tendências do marketing digital e começar com o que tem estão entre as principais dicas. “Influenciar é como o próprio nome diz: ser capaz de conquistar as pessoas a ponto de fazê-las querer comprar ou contratar algo que você já faz uso. Não é apenas postar uma foto bonitinha, tem que produzir bons conteúdos, cativar o público e ser verdadeira sempre”, finaliza Juliana.

Texto: Flávia Siqueira Publicação: Revista Viva Minas – edição 16

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