O Museu Casa Guimarães Rosa, em Cordisburgo, inaugura, neste sábado (11), a partir das 15h, a exposição “Ave Palavra”, do artista mineiro Osmar Oliva, que reúne 40 bordados inspirados nas obras de Guimarães Rosa. A mostra, que fica aberta ao público até dia 30 de junho e tem curadoria de Fabiano Lopes de Paula, reflete a jornada de um homem e suas composições dentro de um contexto de imagens e de um simbolismo peculiar que afloram na alma do sertanejo. “Ave Palavra” é também uma homenagem à obra de Guimarães Rosa, autor de um livro de mesmo nome, uma coleção póstuma de escritos diversos que inclui contos, fragmentos de diários e reflexões, e representa a natureza ondulatória e o ritmo da escrita rosiana. Cada ponto e cada linha podem simbolizar as alturas emocionais e as nuances sutis expressas em bordados, capturando a musicalidade e o ritmo tão característicos no trabalho literário de Rosa.
“Este conjunto de 40 bordados, meticulosamente trabalhados por um artista cuja história transcende a técnica artística, convida-nos a vivenciar um mundo onde o ato de bordar se transforma em uma ponte emocional entre o traçado e tramas do ponto a ponto, das linhas e das cores, contornando e cosendo formas, ilustrando em poesia”, destaca Fabiano de Paula.
Nestas obras, cada movimento, cada matiz, não é apenas um elemento de desenho, mas um símbolo potente de conexão e cura. Osmar Oliva, um homem de sensibilidade aguçada, mergulhou no universo do bordado como meio de enfrentamento após o falecimento de sua mãe, uma mulher de vida simples e de grande força, que deixou um legado de amor incondicional e resiliência para seus nove filhos.
Inspirado pelas lembranças de sua mãe bordando à porta de sua humilde casa, e movido pela saudade após sua partida, o artista empreendeu uma jornada de criação que o levou a completar 40 peças, cada uma delas carregando camadas de significado e emoção. Ao longo da exposição, os visitantes são convidados a refletir sobre as diversas formas de amor e de memória e sobre como a arte, em suas múltiplas expressões, pode servir como um veículo poderoso para a celebração da vida. “A forma das linhas e as cores poderiam, ainda, simbolizar a voz de Rosa, que ressoa através de suas palavras como uma ave, um pássaro que voa livremente, espalhando suas histórias e a riqueza da cultura sertaneja”, finaliza o curador Fabiano de Paula.
Osmar Oliva
Osmar Oliva nasceu em Brasília de Minas. É neto de Duzim Oliva, o primeiro fotógrafo da cidade, e sobrinho-neto de Zino Oliva, escultor e pintor em Montes Claros nos anos de 1920. Em sua família, destacam-se, portanto, artistas nas diversas áreas: literatura, escultura, fotografia, pintura, música e bordado. O artista é formado em Letras Português/Francês pela Unimontes, com mestrado e doutorado em Estudos Literários pela UFMG. É professor na Unimontes desde 1996 e já publicou dezenas de livros de crítica literária, de poemas e de contos. Dedica-se de forma polivalente a outras artes como a pintura, a escultura, a fotografia, e o bordado à mão.
Participou de diversas oficinas de desenho e de pintura com os artistas Gemma Fonseca, Sérgio Ferreira, Heloísa Dumont, Fátima Raquel, Hélio Brantes, dentre outros. Em fotografia, realizou cursos com o fotógrafo e editor de imagens Neto Macedo. Já o bordado tem se tornado uma prática cada vez mais intensa, de forma autodidata. Vem participando efetivamente de concursos de fotografia e de exposições individuais e coletivas com suas expressões artísticas variadas, firmando-se como um artista inquieto e múltiplo.
Museu Casa Guimarães Rosa
Inaugurado em 1974, o Museu Casa Guimarães Rosa completou 50 anos em março passado. O espaço cultural está localizado na cidade de Cordisburgo, sendo uma instituição dedicada à preservação da memória biográfica e literária de um dos maiores escritores da literatura nacional. Os documentos, fotografias e objetos do acervo do Museu refletem aspectos da vida pessoal de Guimarães Rosa, além de sua atuação profissional como médico, escritor e funcionário do Ministério das Relações Exteriores.
O museu está instalado na casa onde Guimarães Rosa nasceu e viveu os primeiros anos de sua infância (1908 – 1917). O edifício é composto pela residência onde a família Guimarães Rosa habitava e pela venda mantida pelo pai do escritor, “seu” Florduardo, ou simplesmente “seu Fulô”. No Museu, o visitante tem a oportunidade de conhecer o universo mágico do sertão mineiro, onde Guimarães Rosa nasceu e se formou. Da infância na “Venda do Seu Fulô”, onde ouvia as histórias fantásticas dos vaqueiros e fregueses de seu pai, à atuação como Cônsul no Rio de Janeiro, Hamburgo, Bogotá e Paris, a vida do escritor está retratada no acervo, nas exposições e nas ações que o Museu desenvolve.
Atualmente, o Museu Casa Guimarães Rosa exibe a exposição de longa duração “Rosa dos Tempos, Rosa dos Ventos”, que proporciona uma imersão nos espaços residenciais da Família Guimarães Rosa e na literatura de seu membro mais ilustre. O universo rosiano e sertanejo se mesclam oferecendo ao público uma mostra da genialidade de Guimarães Rosa como escritor, médico, cônsul, pai, filho, marido e membro da Academia Brasileira de Letras.
Serviço:
Exposição “Ave, Palavra”, do artista Osmar Oliva
Curadoria: Fabiano de Paula
Quando: De 11 de maio a 30 de junho
Local: Museu Casa Guimarães Rosa (Av. Padre João, 744 – Cordisburgo)