“O cicloturismo ganha espaço no estado mais hospitaleiro do país”
Minas Gerais é um estado cheio de opções para quem gosta de viajar sobre duas rodas. O cicloturismo é uma modalidade de turismo que vem ganhando força no estado, tanto pelas belas paisagens que as rotas turísticas proporcionam, quanto pela hospitalidade mineira, para aqueles que aqui chegam.
Além de ser uma forma barata de viajar e conhecer novos lugares, o cicloturismo também é uma prática saudável e ecológica. Outra vantagem destacada por quem é adepto dessa prática é a recepção calorosa que os cicloturistas recebem por onde passam.
O paulista Emerson Lacerda, 34 anos, é adepto desse estilo de vida, tendo incorporado a bike na rotina desde muito cedo, fazendo pequenos passeios durante a infância e retomando este estilo de vida na idade adulta, primeiro para fugir do trânsito caótico da capital paulista, utilizando o veículo para o trabalho, cursos, todo o deslocamento dentro da cidade e também como uma opção para manter a boa forma. Casado com Beatriz, uma barbacenense, o ciclista já realizou o trajeto São Paulo – Barbacena três vezes.
“Fiz três cicloviagens saindo de São Paulo. A primeira eu fiz pelo Vale do Paraíba subindo a Serra da Mantiqueira por Passa Quatro. A segunda, vim pelas Serras Mágicas da Mantiqueira, passando por São Bento do Sapucaí, Maria da Fé e Cristina. A terceira vim pelo Circuito das Águas, Lambari, Cambuquira e São Thomé das Letras. Geralmente esse trajeto demora sete dias, e eu faço paradas em descampados ou no quintal de alguém que deixa armar a barraca”, conta o ciclista.
Outra expedição realizada em terras mineiras, foram dois trajetos da Estrada Real – o Caminho dos Diamantes, que liga Diamantina a Ouro Preto e Caminho Novo, que liga Ouro Preto ao Rio de Janeiro. Foram muitos quilômetros de pedal com muitas paisagens de tirar o fôlego, sol quente e aventura, que foi compartilhada com outros dois companheiros, o Felipe, conhecido como Zoeira e Igor. A hospitalidade mineira e um lobo ladrão de pão são o pano de fundo das histórias dessa viagem, que o ciclista narrou em seu blog.
“A Estrada Real foi um projeto iniciado em dezembro 2014, saí de Diamantina e fui até a cidade do Rio de Janeiro. Em 2017 concluí saindo da cidade de São Paulo, pelo litoral paulista até Paraty-RJ, onde começa a Estrada Real e segui por ela até Ouro Preto. Cicloviajar por terras mineiras é mergulhar em pura cultura brasileira. Nossa maior riqueza histórica está no Estado de Minas Gerais. Acho esse o maior diferencial de todos”.
Na preparação para as viagens, Emerson conta que por ter substituído outros meios de transporte pela bicicleta em sua rotina, é necessário apenas um treino para melhorar o aeróbico antes de pôr o pé na estrada. A escolha dos roteiros também é um processo que envolve diversos fatores, desde visitas aos parentes; conhecer novos lugares, pessoas e paisagens.
Alguns cuidados devem ser tomados como ter em mãos ferramentas como câmara de ar, alicate, kit remendo, fogareiro, barraca, panelas e um conhecimento de mecânica e cozinha para uma viagem autônoma. Para a segurança pessoal, ele aconselha evitar grandes cidades a não ser que tenha alguém esperando ou se for ficar em hotéis/pousadas durante a viagem.
“Tem viagens que planejo no momento que estou nela, outras demoram meses pois tenho de coletar informações culturais e rotas além de estudar um pouco a língua nativa local, como estou fazendo atualmente, pois pretendo ir para a Europa logo mais”.
Das cicloviagens realizadas, a que mais marcou foi o Caminho da Fé, rota que liga Minas Gerais a Aparecida do Norte, em São Paulo. “Uma rota peregrina, foi o mais especial pra mim. Um caminho que comecei ateu e saí dele teísta. Sem palavras. Foi uma linda conversão”. Sobre os lugares que ainda quer conhecer em Minas, está a Serra da Canastra também é um roteiro que aos poucos o viajante vai completando e o Vale do Jequitinhonha. “Dizem que as pessoas são lindas lá, tem uma cultura intensa. É uma região bem pobre financeiramente falando segundo o IBGE, mas não me importo com isso. Acredito que a maior pobreza é a de espírito não de dinheiro. Lugares pobres sou melhor acolhido e isso é sensacional. Quero o Vale do Jequitinhonha!”.
CONHEÇA TRAJETOS TURÍSTICOS DE MINAS GERAIS
Minas Gerais – O Caminho da Luz
Com 196 km de extensão, centenas de peregrinos realizam anualmente esta trilha que liga a cidade de Tombos até a base do Pico da Bandeira, ambos na serra mineira. Os motivos que impulsionam esses viajantes são diferentes: há os que buscam paz interior, outros se interessam pelas propriedades místico-religiosas do lugar e tem aqueles que são atraídos pelas belezas naturais. O percurso todo de bike pode ser feito em quatro dias. Vale a pena reservar mais um dia para subir a pé até topo do Pico da Bandeira, que tem uma vista maravilhosa. Para quem quiser percorrer o trajeto, é preciso pagar R$ 75, referente é taxa ambiental, seguro-saúde e credencial.
Minas Gerais – Serra da Canastra
Esta região é muito procurada pelos cicloturistas por suas inúmeras estradinhas de terra, que levam a cachoeiras e nascentes. Tudo isso em meio é paisagem do cerrado. Vale lembrar que dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra, localizado em um grande platô, não há opções de hospedagem e restaurantes. Dessa forma, os interessados devem se preparar levando comida e barracas.
MG, SP e RJ – Estrada Real
A Estrada Real, que desde o tempo do Brasil colônia liga Minas Gerais ao litoral, leva você a um passeio na história. Mas é preciso fôlego para
percorrer a rota toda. Afinal, são nada menos do que 1.600 km de percurso. O mais comum é escolher um dos três trechos que formam esta histórica via (Caminho Novo, Caminho Velho e Caminho dos Diamantes). O centro de convergência é a cidade de Ouro Preto (MG). Com várias cidadezinhas pelo percurso, a viagem pode ser feita com paradas e visitas aos casarões e fazendas históricas.
MG, SP e RJ – Serra da Mantiqueira
Entre as muitas possibilidades de caminhos na Serra da Mantiqueira, uma bela opção é o percurso entre Campos do Jordão (SP) e Paraty(RJ). São 300 km feitos por estradinhas ou trilhas de terra que levam a vilarejos escondidos. No meio de tudo isso, há muitas cachoeiras e vegetação nativa da Mata Atlântica. A viagem dura em torno de cinco dias.
(Fonte Revista Bicicleta)
Texto: Flávia Pedrosa