Cotochés ou catochos, significa Abre Campo em português, nome em homenagem a tribo indígena que vivia na região sudoeste de Minas Gerais. A história do memorial adveio da produção de manteigas na cidade, no entanto em 1890 não havia recursos suficientes e os produtores passavam por dificuldades.
Já em Santo Antônio do Grama, os irmãos João Russo Sobrinho, José Russo e o cunhado Valdivino Maroca, descendentes de uma família imigrante italiana produziam o principal tipo de queijo italiano na comunidade, o italiano, popularmente conhecido no Brasil como queijo mamão, pois tinha um formato arredondado, amarrado com barbantes e ficava pendurado enquanto curava. Com a venda crescente do queijo produzido pela família italiana, um tio dos irmãos viu uma oportunidade em Abre Campo, visto que lá passavam por dificuldades, comprou a empresa e transferiu a administração para o filho Tozinho, que posteriormente a vendeu novamente para José Russo.
Nesse cenário de mudanças, João e Valdivino mudam-se para Rio Casca e decidem se unir por um propósito maior formalizando a “Maroca e Russo Indústria e Comércio LTDA”, com pseudo-nome Cotochés. Com a grande crescente de clientes de varejo que passavam para comprar um queijinho, construíram um varejo de queijos com a melhor infraestrutura para a venda e atendimento aos clientes.
A localização na BR-262 é muito favorável e de fácil acesso à população, e no período das férias, observando a tendência do mineiro de visitar as praias do Espírito Santo, viu-se uma nova maneira de empreendimento, dando vida ao processo degustativo, estimulando a curiosidade e o paladar daqueles que transitavam pela estrada rumo ao litoral capixaba.
Mesmo com essa espiral evolutiva na produção de queijo, o escoamento do produto ainda era baixo, e assim iniciou-se uma nova jornada, rumo à venda de outra variedade de laticínios: o leite. A passarela degustativa alavancou as vendas do leite, e mesmo com grande concorrência na produção leiteira, conseguiram um espaço de destaque pela qualidade e amor inseridos em cada produto.
Os anos foram passando e a globalização instalou-se na realidade brasileira, assim aconteceu a venda da indústria em 2008, no entanto, antes, houve a divisão de bens que não faziam parte da fábrica, e João Russo teve a brilhante ideia de criar um memorial histórico desse período de luta e superação em Abre Campo, dando início a uma nova jornada.
O objetivo maior do memorial é o resgate e perenização na criação de memórias positivas, tem como pilar a união da família e alinhamento das ideias. O marco maior desse movimento foi em dezembro de 2008 quando inaugurou-se o local, impactando fortemente a cidade e a região, isto é, um salto tecnológico, com a implementação de restaurante, hotelaria e efetivação de uma cascata artificial. Assim estimulando a um turismo destinatário e não só um local de passagem dos turistas.
Todas as aquisições estão conectadas, como uma teia energética, tudo está em profunda harmonia. No ano de 2019 João Russo, homem dotado de uma inteligência pródiga, veio a falecer, deixando uma história inspiradora e muitos valores disseminados.
Seguindo a ordem cronológica das situações, em 2020 adentramos em um evento pandêmico, impactando os comércios e forçando a reinvenção dos mesmos, nas palavras do administrador “Nós temos que sempre acreditar no melhor, aceitar o que vier, estar preparado para o pior”. Muitas ideias não saíram do papel, mas apesar disso a chama da esperança continua queimando. Em memória às mentes brilhantes daqueles que fizeram parte para tudo isso acontecer. O conselho para quando as pessoas visitam o ambiente é o coração aberto para que o propósito de criação de novas memórias positivas seja cumprido.
Texto: Mariana Rocha Soares Dutra Cursando ciências biológicas, formação de mestrado em terapia reikiana alternativa. Instagram: @marianarocha_226
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