Em 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) lançou uma campanha nacional para imunizar meninas de 11 a 13 anos contra o HPV. A sigla em inglês, Papilomavírus Humano, é do vírus responsável pela doença sexualmente transmitida mais comum no mundo, causando tumores benignos e malignos. Existem mais de 100 tipos de HPV, sendo que 16 têm potencial para causar câncer.
Mas porque esta vacina é tão importante ?
O câncer cervical ou câncer de colo do útero está estreitamente relacionado com o vírus HPV. Os tipos 16 e 18, cobertos pela vacina, estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. Entretanto o início das relações sexuais precocemente, multiplicidade de parceiros sexuais, o tabagismo, baixas condições sócio-economicas e o uso de contraceptivos orais, sem acompanhamento adequado, também são fatores de risco.
De evolução lenta que atinge principalmente mulheres acima dos 25 anos, o câncer de colo do útero, cujo principal agente da enfermidade é papilomavírus humano (HPV), pode infectar também os homens e estar associado ao surgimento do câncer de pênis.
Antes de tornar-se maligno, o que leva alguns anos, o tumor passa por uma fase de pré-malignidade, que pode ser classificada em graus I, II, III e IV de acordo com a gravidade do caso.
A informação e prevenção têm levado a diminiução de sua incidência, contudo o câncer de colo de útero, ainda está entre as enfermidades que mais atingem as mulheres e levam a óbito no Brasil.
Em entrevista à Revista Viva Minas, o ginecologista e obstetra, Dr. Lélio de Andrade, nos esclarece sobre alguns pontos importantes sobre a doença.
Revista Viva Minas- Doutor Lélio, como diagnosticar o câncer de colo do útero ?
Dr. Lélio – Através da avaliação ginecológica. Durante a fase assintomática da enfermidade o rastreamento realizado por meio da colposcopia e do exame citopatológico Papanicolaou, permitem detectar a existência de alterações celulares características da infecção pelo HPV ou a existência de lesões pré-malignas. Entretanto o diagnóstico definitivo,depende do resultado da biópsia.
Revista Viva Minas – Como é o tratamento deste tipo de câncer ?
Dr. Lélio – Quando detectado o HPV deve-se aplicar tratamento pertinente a cada caso. O tratamento tem por objetivo a retirada ou destruição das lesões precursoras pré-malignas.
Se confirmada a presença de tumores malignos, o procedimento deve levar em conta o estágio da doença, assim como as condições físicas da paciente, sua idade e o desejo de ter, ou não, filhos no futuro.
Revista Viva Minas – Quais atitudes preventivas as mulheres devem adotar, ao iniciar sua vida sexual, a fim de evitar o câncer de colo do útero ?
Dr. Lélio – O exame citopatológico Papanicolaou é a melhor maneira de se prevenir contra o HPV. Mulheres que têm ou já tiveram atividade sexual, principalmente aquelas com idade de 25 a 59 anos devem fazer o exame preventivo, assim como as mulheres grávidas.
As lesões que precedem o câncer do colo do útero não têm sintomas, mas podem ser descobertas por meio do Papanicolaou. Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura são de 100%. Vacinar-se contra o HPV também é uma medida eficaz para a prevenção do câncer de colo uterino. As vacinas disponíveis são bivalente e a quadrivalente.
Também é bom lembrar que, o uso da camisinha em todas as relações sexuais é um cuidado indispensável contra a infecção não só pelo HPV, mas também por outros agentes de doenças sexualmente transmissíveis.
Revista Viva Minas – Quem faz a vacina contra o HPV, precisa continuar fazendo o exame Papanicolau, periodicamente ?
Dr. Lélio – Certamente que sim. Embora esperando que as vacinas reduzam a possibilidade de lesões relacionadas ao HPV, as vacinas ainda não protegem contra todos os tipos. Além disso, ao tomar a vacina não tem como garantir que você ainda não tenha sido contaminada.