Edição 2020 comemora centenário de Clarice Lispector e terá programação conjunta com a Bienal do Livro de São Paulo
Os debates sobre Clarice Lispector, que completaria 100 anos no próximo dia 10 de dezembro, são organizados pelo Escritório do Livro e do Debate de Ideias da Embaixada da França no Brasil em parceria com o Fórum das Letras e a Bienal.
O tradicional Fórum das Letras, evento promovido pela Universidade Federal de Ouro Preto está de volta, em uma versão online, entre os dias 7 e 18 de dezembro. A grande novidade desta edição é a programação conjunta com a 1ª Bienal Virtual do Livro de São Paulo, viabilizada em parceria com a Embaixada da França. Este ano o Fórum homenageia Clarice Lispector, seu centenário e tem como tema o título de sua obra, A Hora da Estrela (1977).
Graças a uma parceria com a Embaixada da França, o Fórum e a Bienal apresentam mesas que irão debater os pontos de contato entre a nossa Clarice e a França, o primeiro país a publicar a escritora, em 1956, com a obra Perto do coração selvagem. Nesses encontros serão discutidos pontos de contato entre as obras de Clarice Lispector, e as escritoras francesas Marguerite Duras e Nathalie Sarraute. As traduções das obras de Clarice para o francês, bem como os desafios na edição delas, no Brasil e na França, serão abordados nas mesas do Fórum das Letras que entrarão na programação da Bienal de São Paulo. Além das mesas em parceria com a Bienal, o Fórum das Letras de 2020 terá uma vasta programação que irá debater a obra e a vida de Clarice Lispector, contando com seus tradutores, editores do Brasil e da França e especialistas como Nadia Batella Gotlib e Teresa Montero.
Dentre os convidados deste ano, encontram-se alguns convidados internacionais, como o pensador Roger Chartier e da literatura nacional, estrelas como Nélida Piñon, Mario Magalhães, Betty Milan, Ricardo Lísias, Tiago Ferro, entre outros.
Centenário de Clarice
O centenário de Clarice Lispector e, especificamente, seu romance mais popular, A Hora da Estrela, é o fio condutor dos encontros virtuais da edição 2020 do Fórum das Letras. Para Guiomar de Grammont, Coordenadora Geral do Forum das Letras, “o romance, que encena o poder da linguagem e as redes de sustentação da existência humana e dos laços sociais, é potente para pensarmos nossa realidade. Ao expor o isolamento e a fragilidade da condição humana de uma massa de pessoas deslocadas e segregadas, o texto continua emocionando os leitores da atualidade. A história acontece em um estado de emergência e de calamidade pública, que têm muito a ver com o momento que estamos atravessando, de pandemia e reflorescimento do autoritarismo e da supressão das liberdades individuais.”
A professora Mônica Gama, do Curso de Letras da UFOP, Coordenadora Executiva do evento, lembra que “Desafiando as categorias do humano e inumano, as palavras do narrador-escritor se encontram com o silêncio e o apagamento de Macabéa, lá onde o futuro se faz também presente, onde a dimensão ordinária da existência grita. Mônica lembra as palavras do narrador: “Trata-se de livro inacabado porque lhe falta a resposta”, assim como faltam respostas para o presente Ao fim desse ano de 2020 estranhamente excepcional e revelador do pior em nosso “normal” social, repor as perguntas de Clarice Lispector continua urgente.
Os centenários da escritora negra Ruth Guimarães e de João Cabral de Melo Neto também são lembrados em atividades do Fórum das Letras.
Muita história, 15 anos de Fórum das Letras
Desde sua estreia, em 2005, o Fórum das Letras tem festejado o livro e suas mais diversas faces, promovendo debates sobre literatura, edição, tradução, crítica, leitura e toda a cadeia produtiva e de circulação do livro. Nesses 15 anos, o Fórum foi e é palco das principais discussões sobre o Brasil e o mundo por meio da literatura. Momentos históricos, como o maior crime ambiental de todos os tempos, ocorrido em Mariana, em 2015 e o impeachment da presidenta Dilma Roussef, em 2016, foram debatidos nos palcos do Fórum das Letras, às vezes no calor da revolta, outras, no cansaço da luta, mas sempre com muita disposição para continuar. Em todos esses anos, grandes nomes do cenário cultural brasileiro desfilaram pelas ladeiras e salas de Ouro Preto, em programações sempre críticas sobre a realidade do Brasil e do Mundo. Nomes como Conceição Evaristo, Adélia Prado, Nélida Piñon, João Ubaldo Ribeiro, Milton Hatoum, Emicida, Férrez, MV Bill, Adriana Calcanhoto, Leonardo Sakamoto, Paulo Lins, Mario Magalhães, Paulo Markun, José Miguel Wisnik, Arnaldo Antunes, Tony Belloto, João Moreira Salles, Elisa Lucinda, Eduardo Jardim, e tantos outros.
Participaram também grandes autores internacionais, como Jean-Paul Delfino, Roger Chartier, Asne Seierstadt e portugueses e africanos de língua portuguesa, como Pepetela, Luandino Vieira, Valter Hugo Mãe, José Luiz Peixoto, Luísa Coelho, Carlos Fino, Arnaldo Saraiva, Francisco Viegas, entre outros.
O Fórum das Letras de Ouro Preto tem coordenação geral da escritora e professora Guiomar de Grammont e é promovido pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). A programação do evento é inteiramente gratuita e está no link: www.forumdasletras.com
Fonte: https://www.ouropreto.com.br/