“Eu acho que ser mais transparente é uma questão de sobrevivência no mercado e as marcas têm a favor delas as redes sociais e os seus parceiros, então, começar a comunicar de forma proativa e não só reativa sobre a sua cadeia, sobre os porquês da marca, sobre quais os projetos que a marca está engajada, acho que isso já faz com que aproxime mais o consumidor daquela marca”.
– Sobre o que as marcas devem fazer para ser mais transparentes.
Nascida em Barbacena e criada em Carandaí, a blogueira e influencer Lili Veloso, que assina o Correio Fashion, aos 18 anos se mudou com o objetivo de estudar e, de quebra, ganhar o mundo. Atualmente, reside em Goiânia com o marido e dois cachorrinhos. Hoje, ela se define como uma pessoa livre, leve e despretensiosa, que não tem uma visão engessada e busca experimentar e compartilhar o que a vida pode oferecer de melhor, sempre atenta às questões humanitárias, sociais e ambientais.
Quase 20 anos depois, Lili consolidou seu nome no mercado. Muito além de likes, ela busca encorajar e empoderar suas seguidoras, conscientizá-las de sua importância e seu lugar no mundo. Com grande carinho por suas origens e sua história, tem o sonho de disseminar uma linguagem que realmente dê voz a todas as mulheres.
Este ano, ela lança um de seus mais ousados projetos — 70 dias entrevistando mais de mil mulheres ao redor do mundo, em busca de histórias de superação e coragem. Em um bate-papo com a Revista Viva Minas, Lili Veloso mostrou ao que veio, muito além do look do dia, a blogueira falou sobre moda sustentável, consumo consciente e mais.
Slow Fashion
Como blogueira e influencer, ligada ao universo fashion, Lili já observou o surgimento e o crescimento de diversos movimentos voltados para o consumo sustentável e consciente de moda, como o slow fashion e tantos outros e o reconhece como uma tendência que não se pode mais voltar atrás. “Eu acho que é saudável buscar a sustentabilidade também no universo fashion. A gente viveu nos últimos 15, 20 anos, um estouro do fast fashion e o slow fashion vem conter um pouco disso.
Eu acho que ele vem preservar não só a questão do meio ambiente e o perfil do trabalho que acontece nas grandes produções — que a gente tem muitas histórias de trabalho escravo, para a gente conseguir velocidade e preços baixos no universo do fast fashion — e ele vem
preservar a história que acontece ao redor da moda e obviamente todas as questões relacionadas ao meio ambiente, onde a gente precisa sim, se preocupar com o impacto que a gente tem causado”.
Lili explica que muitas vezes, por estar relacionada ao mundo fashion e às redes sociais, pode passar a ideia de superficialidade, autoconsumo, mas que a ideia de fato é ter produtos de qualidade e versatilidade, em vez de quantidade.
“Eu prezo muito mais por qualidade e versatilidade do que por quantidade. Eu sou a favor do slow fashion, acho que é uma caminhada ainda que nós temos que cumprir para evoluir e para conseguir aceitar o valor, porque essas peças acabam vindo com um valor mais alto. Mas a partir do momento que a gente entende que a gente vai comprar menos, porque os produtos têm mais qualidade, a gente vai literalmente trocar três por um, mas com um de qualidade. Vai estar respeitando o meio ambiente e vai estar de acordo com a tendência de comportamento de consumo”.
Outro movimento que vem ganhando cada vez mais espaço, o Fashion Revolution, criado em 2013, voltado para o lado social da moda, através da hashtag #QuemFezMinhasRoupas, dá cara aos trabalhadores da indústria de moda e às condições precárias em que às vezes a linha de produção acontece — obrigando cada vez mais que empresas trabalhem de forma transparente em seu ciclo de produção.
Para Lili, o surgimento de movimentos com este viés são consequência do momento em que estamos vivendo, de questionar vários assuntos. “Eu acho uma iniciativa extremamente madura. A gente fala tanto em extinção da escravidão, da exploração, de igualdade social, de direitos humanos, mas a gente às vezes faz vista grossa para esse tipo de problema”, conta.
A blogueira também revela que já desistiu de uma parceria na indústria cosmética. “Trabalhavam com produtos que não faziam sentido para mim. Os resultados positivos não eram superiores ao que poderia causar de malefícios à saúde e aí também entra aquela história de testes em animais, que para mim é inadmissível. Pelo menos, quando eu sei que a marca não se posiciona quanto a isso, eu me recuso a divulgar”.
E sobre o consumo consciente, Lili dá a dica: “a gente vai ter que fazer uma escolha e investir um pouco mais. Eu indico, isso é algo que eu faço, às vezes eu tenho menos peças no guarda-roupa, mas peças de mais qualidade”, explica. “A hora que a gente pega aquela peça e vê que ela realmente é boa, que ela vai aguentar muitas lavagens, que ela vai ser atemporal, então a gente tem que fugir das cores muito diferentes, que estão em alta na temporada, a gente tem que fugir das estampas. A estampa nunca é uma escolha inteligente para quem quer ter consumo consciente e peças com durabilidade no guarda-roupa”, finaliza.
BATE PAPO
Repetir look é chique?
Sim, repetir look é muito chique. É a prova de que você fez uma excelente escolha quando comprou aquela roupa, de que você se conhece, de que você sabe aonde está investindo seu dinheiro. Você valoriza seu dinheiro, você valoriza seu bom gosto e obviamente a cadeia produtiva. Então, sim, repetir look é chique, é recomendável, inclusive a Kate Middleton é famosa por repetir seus looks. Se a duquesa britânica repete, quem somos nós, não é mesmo?
O que você considera criatividade na moda?
Acho que a moda é uma arte e tudo que envolve arte é criatividade. Eu acredito que a criatividade é você saber conciliar o que você tem, num armário de anos, por exemplo, com o que está entrando agora. Essa capacidade de fazer um mix, conciliar o que você já tinha com o que acabou de comprar, isso para mim é uma criatividade na moda.
Qual o seu truque infalível na hora de dar cara nova a uma produção?
Eu indico cores sóbrias nas camisas. Camisaria é uma grande pedida para você ter um truque legal, brancas, pretas, lisas, roupas sem estampa e calças sóbrias, preta, branca e jeans. Com essas peças em uma mala de viagem a gente faz vários looks, então, a gente vai inovar nos acessórios, especialmente numa echarpe, lenço, cinto, maxi colar… às vezes uma terceira peça, um colete, uma jaqueta diferente, uma alça de uma bolsa que você consegue trocar. Acho que tudo isso é que dá um dinamismo para variar a cara de um mesmo look. Eu gosto de fazer os truques nas terceiras peças, que são esses itens, os lenços, cachecóis, acessórios, colares, cintos, bolsas, e por aí vai.
Texto: Flávia Pedrosa Fotos: Acervo pessoal Instagram : @liliveloso